Eram 12h30m de quarta-feira quando o comerciante Natal José, o Bigode, passou pela Rua José Fernandes, em Sepetiba, para entregar uma das 12 refeições que cabem na caixa de isopor que carrega na bicicleta. Quando viu Wellington Menezes de Oliveira na porta de casa, à espera da “quentinha”, brincou:
— E aí? Resolveu tirar a barba? — perguntou o comerciante de 57 anos.
— É. Eu queria mudar — respondeu Wellington.
O rapaz de poucas palavras, pegou a marmita e entrou na casa para comer frango, arroz e feijão. O vizinho introvertido, na verdade, se preparava para matar. A mudança de visual fazia parte de um ritual adotado em seitas que fazem ataques suicidas, para “purificação”.
A nova aparência também despertou a curiosidade de uma outra vizinha, que chegou a elogiar o rapaz. Ele apenas sorriu e seguiu até uma lanchonete, onde comprou ovos e refrigerantes. Seria a última refeição antes de matar 12 alunos da Escola Tasso da Silveira.
A marmita e o refri de todo dia por R$ 8
O rapaz contava com a simpatia de Bigode, que entregava refeições todos os dias na casa dele há cerca de dois meses, de bicicleta. Entre 12h30m e 13h. O comerciante prefere os clientes quietos. Aqueles que gostam de conversar fazem com que ele atrase as entregas.
E Wellington, que era do tipo que não jogava conversa fora, costumava ser generoso na hora de pagar. Numa ocasião, entregou uma nota de R$ 20 pela refeição, que custa R$ 8, com o copo de refrigerante, e não pediu o troco.
Cerveja para os colegas
A generosidade também era conhecida por aqueles que lembram dele dos tempos em que ainda morava com a família, na Vila Mallet, em Realengo. Os colegas de um lava-jato, onde ele trabalhou há três anos, ganhando R$ 600 por mês, convidavam o rapaz para beber depois do fim do expediente.
Ele recusava o convite, mas ia ao balcão e deixava duas cervejas pagas. Se despedia e desaparecia na rua, com o seu jeito esquisito de caminhar, como se estivesse afundando os pés na areia.
Depois de cinco meses no emprego, Wellington decidiu pedir demissão, dando uma justificativa inusitada: disse que via os colegas como familiares e queria sair para não “estragar a vida deles”.
Um estranho até na casa onde morava
Não era só na vizinhança onde cresceu e morou desde a infância, na Vila Mallet, em Realengo, que Wellington era um estranho. Também era assim na casa onde morava com os pais e os cinco irmãos de criação.
— Uma vez eu comentei com um irmão dele que ele era muito fechado. Aí, ele disse: “É assim até em casa” — lembrou o comerciante Silvio Eduardo Gomes de Almeida, de 47 anos, dono da quitanda na Rua Jequitionha, a uma quadra da casa da família de Wellington.
Lá, o rapaz só entrava para comprar o que precisava. Sem gastar saliva. Se quisesse um barbeador, perguntava o preço e pagava. Às vezes, saía sem se despedir.
— Ele não olhava no rosto de ninguém — comentou Maria José Almeida, de 70 anos, amiga da mãe.
O rapaz, que era orgulho dos pais por jamais ter se envolvido com drogas, nunca mais foi visto no bairro depois da morte da mãe. Até a manhã de quinta. Horas depois da sua última refeição.
Fonte: Jornal extra
— E aí? Resolveu tirar a barba? — perguntou o comerciante de 57 anos.
— É. Eu queria mudar — respondeu Wellington.
O rapaz de poucas palavras, pegou a marmita e entrou na casa para comer frango, arroz e feijão. O vizinho introvertido, na verdade, se preparava para matar. A mudança de visual fazia parte de um ritual adotado em seitas que fazem ataques suicidas, para “purificação”.
A nova aparência também despertou a curiosidade de uma outra vizinha, que chegou a elogiar o rapaz. Ele apenas sorriu e seguiu até uma lanchonete, onde comprou ovos e refrigerantes. Seria a última refeição antes de matar 12 alunos da Escola Tasso da Silveira.
A marmita e o refri de todo dia por R$ 8
O rapaz contava com a simpatia de Bigode, que entregava refeições todos os dias na casa dele há cerca de dois meses, de bicicleta. Entre 12h30m e 13h. O comerciante prefere os clientes quietos. Aqueles que gostam de conversar fazem com que ele atrase as entregas.
E Wellington, que era do tipo que não jogava conversa fora, costumava ser generoso na hora de pagar. Numa ocasião, entregou uma nota de R$ 20 pela refeição, que custa R$ 8, com o copo de refrigerante, e não pediu o troco.
Cerveja para os colegas
A generosidade também era conhecida por aqueles que lembram dele dos tempos em que ainda morava com a família, na Vila Mallet, em Realengo. Os colegas de um lava-jato, onde ele trabalhou há três anos, ganhando R$ 600 por mês, convidavam o rapaz para beber depois do fim do expediente.
Ele recusava o convite, mas ia ao balcão e deixava duas cervejas pagas. Se despedia e desaparecia na rua, com o seu jeito esquisito de caminhar, como se estivesse afundando os pés na areia.
Depois de cinco meses no emprego, Wellington decidiu pedir demissão, dando uma justificativa inusitada: disse que via os colegas como familiares e queria sair para não “estragar a vida deles”.
Um estranho até na casa onde morava
Não era só na vizinhança onde cresceu e morou desde a infância, na Vila Mallet, em Realengo, que Wellington era um estranho. Também era assim na casa onde morava com os pais e os cinco irmãos de criação.
— Uma vez eu comentei com um irmão dele que ele era muito fechado. Aí, ele disse: “É assim até em casa” — lembrou o comerciante Silvio Eduardo Gomes de Almeida, de 47 anos, dono da quitanda na Rua Jequitionha, a uma quadra da casa da família de Wellington.
Lá, o rapaz só entrava para comprar o que precisava. Sem gastar saliva. Se quisesse um barbeador, perguntava o preço e pagava. Às vezes, saía sem se despedir.
— Ele não olhava no rosto de ninguém — comentou Maria José Almeida, de 70 anos, amiga da mãe.
O rapaz, que era orgulho dos pais por jamais ter se envolvido com drogas, nunca mais foi visto no bairro depois da morte da mãe. Até a manhã de quinta. Horas depois da sua última refeição.
Fonte: Jornal extra
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