sábado, 11 de junho de 2011

FELIZ DIA DOS NAMORADOS!

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

 Vinicius de Moraes

Um comentário:

Anônimo disse...

Vinícius de Moraes(1913/1980). Um dos poetas mais importantes da Literatura Brasileira.

O texto abaixo(Revista Cult, 2007) é de Geraldo Galvão Ferraz, filho de Geraldo Ferraz e Patrícia Galvão(PAGU).

"Nenhum poeta brasileiro cantou as mulheres como Vinicius de Moraes. Em todos os sentidos.

Além da teoria, Vinicius empregou seus talentos na prática e, descontadas algumas ligações passageiras, casou-se nove vezes nos seus 66 anos de vida.

A primeira foi Beatriz Azevedo de Melo, a Tati de Moraes, com quem teve dois filhos, Suzana e Pedro. O casamento durou de 1939 a 1951. Para ela, escreveu o 'Soneto da fidelidade', que contem o terceto citado acima.

Regina Pederneiras, a segunda mulher de Vinicius, era funcionária do Itamaraty, uma arquivista. Casam-se na igreja, mas menos de um ano depois, Regina abandona Vinicius, que cai em depressão. Os dois reatam e, na viagem para os Estados Unidos (Vinicius foi assumir o posto de vice-cônsul em Los Angeles), ela tem uma crise de diverticulite. Ele volta com Tati.

Lila Bôscoli, a número três, irmã de Ronaldo Bôscoli, foi-lhe apresentada por Rubem Braga: 'Esta é Lila Bôscoli, este é Vinicius de Moraes...e seja o que Deus quiser.'

O casamento durou sete anos, até 1958, e incluiu duas filhas, Georgiana e Luciana. Marca também a volta de Vinicius à literatura, pois seu período em Los Angeles foi dedicado ao jazz e ao cinema. Lila inspirou poesias como 'A hora íntima', 'Soneto do amor total' e 'Poema dos olhos da amada'.

A quarta mulher de Vinicius foi Maria Lúcia Proença. O casamento durou de 1958 a 1963. Escreveu para ela 'Para viver um grande amor'. Encontram-se em Paris e vão juntos para Londres. Por oito meses, depois que Lucinha é recambiada para o Brasil, trocam cartas às escondidas. Vão morar juntos no Uruguai, após o desquite dela. Entre o Uruguai e o Brasil vivem uma vida discreta.

Então vem Nelita. Com 20 anos, noiva, estudante da PUC carioca. Aproximados por Noelza Guimarães, prima de Nelita, esta e um Vinicius cinquentão engatam um namoro às escondidas. Fogem para Roma e Paris. Vinicius bebe muito, mas escreve para ela os textos de Para uma menina com uma flor. É a época de 'Garota de Ipanema', mas também, um pouco antes, a dos primeiros afro-sambas com Baden Powell ('Berimbau', 'Canto de Ossanha').

O sexto casamento é com Cristina Gurjão, 26 anos mais jovem que o poeta. Tiveram a filha Maria. O casamento durou pouco, cerca de um ano. Os dois se conheciam há tempos e Vinicius levara uma guardachuvada na cabeça quando tentou seduzi-la. Mas, após idas e vindas, a união se consuma, já nos anos 1960. Em 1969, Cristina descobre que está grávida e, no quinto mês de gravidez, é praticamente abandonada pelo poeta, enlevado pela baiana Gesse Gessy, que será sua sétima mulher.

Em 1969, Vinicius e Gesse se casam, primeiro no Uruguai, depois em 1973, na Bahia. Gesse faz uma revolução na alma do poeta. Ela transforma o engravatado do Itamaraty num homem livre de convenções, e sua poesia explica isso. Basta ver o 'Soneto de Luz e Treva' feito para Gesse, cheio de citações baianas. Vinicius rejuvenesce aos 60, está disposto como nunca, vive e ama intensamente.

A oitava mulher foi a argentina Marta Rodrigues Santamaria, a Martita. Conheceu-a em um circuito universitário e um ano depois casaram. Vinicius escreveu para ela o 'Soneto da Marta'. O casamento durou de 1975 a 1978.

A última mulher do poeta foi Gilda de Queirós Mattoso, a quem dedicou a bela valsinha 'Gilda', com seu refrão 'Gilda, Gilda/ Gilda e eu.' A união foi de 1978 até a morte de Vinicius, em 9 de julho de 1980. Ele dizia que ia ficar com Gilda e a apresentava, brincando, aos amigos como 'a viúva'. Gilda conheceu Vinicius casado, primeiro com Gesse, depois com Martita, mas o amor surge em 1978, quando o casamento com Martita já ia mal.
(Geraldo Galvão Ferraz)