Mãe de um bebê de 4 meses, a doméstica Márcia Hilário Pereira, 40 anos, enfrenta a dor de ver seu filho caçula internado com um grave problema cardíaco. O sofrimento de Márcia junta-se à angústia de saber que a criança precisa de um leito de Unidade de Terapia Intensiva pediátrica, mas ocupa uma enfermaria improvisada como UTI no Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG), no Fundão. No local, gaze e esparadrapo substituem peças.
“O sofrimento é duplo porque, além de David ter nascido com um problema cardíaco, está grave e não tem o leito que precisa. Ele está internado aqui desde quarta-feira. Os médicos do instituto estão fazendo o que podem, mas me explicaram que o local não é o ideal”, conta Márcia que, para ter o diagnóstico do filho, fez uma peregrinação.
“Ele chorava muito e os médicos diziam que era cólica. Depois de ir várias vezes a hospitais e até em clínicas particulares, a médica do posto disse que eu deveria vir no Fundão”.
Ontem, ela passou o dia ansiosa. “Soube que uma criança terá alta da UTI e que meu filho terá a vaga. Estou rezando o dia inteiro”, disse ela.
Na enfermaria ao lado, outra mãe também sofre. Aos 2 anos, João Pedro dos Santos também espera leito de UTI. “Ele tem uma doença que enfraquece os músculos. Quando tem crise, não consegue respirar sem aparelhos. Na primeira vez que precisou de UTI, tive que recorrer à Justiça”, contou Maria da Conceição Gomes dos Santos, 25.
Conforme O DIA mostrou ontem, os 6 leitos de UTI do IPPMG estão ocupados e outras 7 crianças estão sendo atendidas na enfermaria improvisada como UTI, já que o instituto não consegue transferi-las. A Secretaria Estadual de Saúde admite que faltam vagas de UTI pediátrica. Segunda-feira, 19 crianças esperavam por um leito.
Gaze e esparadrapo são usados para fixar aparelhos
Monitor cardíaco fixado com esparadrapo sobre respirador retirado de ambulância. Gaze sustentando outro respirador, para evitar que o peso do equipamento machuque a boca de um bebê. Estes são alguns dos improvisos no IPPMG para tornar possível o atendimento a crianças em estado grave que deveriam estar em UTIs.
Num dos leitos improvisados, Lucas Alves da Silva , 2 meses, é o paciente que usa o respirador de transporte.
Perto dali, outra criança sobrevive graças a outro respirador artificial, emprestado por uma unidade municipal. O carrinho de medicamentos é substituído por uma mesa. “A gente tira leite de pedra, mas não deixa de atender”, diz o diretor, Edimilson Migowski.
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